Aquele que vive com as chaves do Hades

… e sua face era como o sol que brilha em sua força. 17 Quando eu o vi, caí a Seus pés como um homem morto. E ele colocou a mão direita sobre mim, dizendo, “Não tenha medo; Eu sou o primeiro e o último,18 e aquele que vive;  eu estava morto mas eis que estou vivo para todo o sempre e tenho as chaves da morte e do Hades. (Apocalipse 1:16-18).

A figura da autoridade real e magnificência é ainda mais aumentada pela luz brilhante como o Sol emanando do Filho do Homem. Uma descrição semelhante foi usada no evento da transfiguração de Cristo em Mateus 17:1-2. Ali lemos que:

“Seis dias mais tarde Jesus levou somente Pedro e os irmãos Tiago e João para uma montanha alta. E Ele foi transfigurado diante deles; Seu rosto brilhava como o sol e Suas vestes tornaram-se tão brancas como a luz”.

A diferença entre o Livro do Apocalipse e a descrição de Mateus é simples – nos evangelhos a transfiguração de Jesus é temporária, na Carta do Apocalipse é permanente. A visão de João foi tão forte que ele achou-se no chão tomado por  medo paralisante. Isto é o que aconteceu com os discípulos na aparência da nuvem durante a transfiguração de Jesus. A mão do Filho do Homem tocou rapidamente João e logo lhe dirigiu palavras de conforto. O  Filho do Homem disse-lhe para não ter medo, uma vez que ele esteve morto, mas agora está vivo para sempre. Não somente isso – a autoridade final sobre a própria morte e todo o reino das trevas agora pertenciam ao Filho do Homem ressuscitado (as chaves da morte e do Hades agora estavam em sua mão).

Segurar as chaves de determinado local é um sinal claro da capacidade de exercer autoridade sobre esse local. Manter as portas fechadas ou abri-las então sempre restringe ou permite o acesso. As chaves para o Reino dos Céus foram prometidas a Pedro em Mateus 16:19. Em Mateus 23:13 Jesus fala dos Fariseus e Escribas não entrando no Reino e mantendo os outros fora como se eles tivessem autoridade para fazê-lo. No texto paralelo em Lucas 11:52  os Fariseus guardaram a “chave do conhecimento” para que as pessoas não pudessem entrar. Em 3 Baruch 11:1-3  o arcanjo  Miguel detém as chaves do Reino do Céu,

1 E o anjo levou-me e conduziu-me  ao quinto dos céus. 2 e o portão estava fechado. E eu disse: Senhor, não está este portão fechado  para que não possamos entrar? E o anjo disse-me,  não podemos entrar até que Miguel que segura as chaves do Reino dos Céus venha; mas espera e você verá a glória de Deus. 3 E houve um grande barulho, como um trovão. (3 Baruch 11:1-3).

Não somente o Reino dos Céus tem portas que podem ser abertas e fechadas, mas também o Reino do Inferno (Hades), o submundo (Mt 16:18). Uma Midrash atribuída ao Rabino Akiva cita esta tradição,

“Na hora que o Santo, abençoado seja Ele, leva as chaves de gēhinnōm e as entrega  a Miguel e Gabriel diante dos olhos de todos os justos e diz a eles: Vão e abram as portas do ḡhinnōm … Imediatamente Miguel e Gabriel vão e abrem as 40.000 portas do ḡhinn̄om”.

Jesus como o Filho do Homem ressuscitado, cuja face irradia a glória de Deus tem a autoridade e o controle não só no céu, mas também no inferno (hades). Uma passagem erroneamente publicada no apêndice dos escritos de Josephus que foi escrita por Hipólito de Roma (início do século III D.C.)2 explica como ele entendia a ideia do Hades,

“O Hades é um lugar no mundo não regularmente acabado; uma região subterrânea, onde não brilha a luz deste mundo; nesta circunstância, que nesta região a luz não brilha, ele não pode ser, mas deve ficar na escuridão perpétua. Esta região é destinada a um lugar de custódia para almas, em que os anjos são nomeados como seus guardiões, que distribuem a elas punições temporárias, de acordo com o comportamento e  maneiras de cada uma” (Discurso dos Gregos realativo ao Hades, Dissertação V, 1).

À luz desta ideia popular, faz sentido que o rosto de Jesus brilhe como o sol na sua força (vs.16). Além disso, é compreensível porque é dito a João para não ter medo.

Jesus chama a si mesmo o primeiro e o último possivelmente referindo-se ao título de Alfa e Ômega. Mas ele é também aquele Ressuscitado, aquele que agora está vivo. Uma pessoa pode ver os três aspectos (passado, presente e futuro) nesta declaração simbólica. Seria esta talvez  ainda outra alusão à conexão de Jesus a Deus? Esta frase é semelhante à referência habilmente velada de יהוה, aquele “que é, que era e que há de vir” em Ap.1:8-9.

 

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